Não-dualidade para iniciantes

Quem sou eu? Se você está numa jornada de autoconhecimento você já deve ter se perguntado isso e a resposta satisfatória para esta pergunta vem de dentro, da contemplação na nossa própria existência.

Não-dualidade para iniciantes

Quem sou eu? Se você está numa jornada de autoconhecimento você já deve ter se perguntado isso e a resposta satisfatória para esta pergunta vem de dentro, da contemplação na nossa própria existência. Esse post é sobre não-dualidade para iniciantes. Para você que está iniciando a sua auto-investigação ou mesmo para você que talvez nunca tenha ouvido falar do termo não-dualidade, mas está em busca de respostas para suas questões existenciais. 

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O que é não-dualidade?

O termo não-dualidade vem da palavra em sânscrito Advaita que significa não dois ou seja unidade. Todos os ensinamentos que apontam nessa direção: que nós somos uma coisa só, nós somos essa unidade, nós somos todos um… são ensinamentos não duais. Essa unidade muitas vezes é chamada de Consciência ou Pura Consciência, ou Existência, Ser, o Eu Sou, em algumas tradições Deus. Todas as mentes humanas fazem parte dessa Consciência, o que significa que a Consciência é a verdadeira natureza de todas as mentes. Como isso é uma Verdade, sempre que nós acreditamos que nós somos separados uns dos outros nós sofremos. Essa é a origem do nosso sofrimento: a ilusão na separação tanto no nível pessoal, no nível do Ego: dos pensamentos, da mente, das emoções. Como no nível coletivo: é a origem das lutas, dos conflitos entre grupos, das guerras entre as nações. E a origem é essa ilusão da separação, porque nós nos vemos separados uns dos outros nós brigamos, competimos e sofremos, e muito, com essa ilusão. 

Mas você pode estar pensando: “Tá, isso aí que você tá falando é bonito, já ouviu falar que nós somos todos um, mas a verdade é que eu me sinto separado dos outros.” Ah, e por quê que isso acontece? Porque uma das primeiras coisas que acontecem conosco quando a gente é bebê, criança, é que a gente se identifica muito com o nosso corpo. Então o senso comum é que nós somos o corpo. E por quê? Porque nós experienciamos o mundo através desse corpo, então a nossa experiência no mundo, desde que a gente é criança, é uma experiência sensorial. A gente usa os cinco sentidos para experienciar o mundo. E a partir das nossas experiências, dessas percepções sensoriais, nós vamos ter emoções e pensamentos… e tudo isso fica muito limitado. O que o corpo consegue perceber é o que a mente acredita que é real, que é verdade, que é um mundo. Então toda a nossa experiência parte disso, das nossas sensações, dos cinco sentidos então a gente acaba, por consequência, se identificando com o corpo e se vendo como separados uns dos outros. 

Por exemplo, se pegarmos um objeto, como um livro, então conseguimos sentir a textura do livro através do tato, conseguimos sentir o cheiro através do olfato, conseguimos ler as páginas usando a visão… A gente percebe o mundo através dos cinco sentidos então a gente acaba acreditando que nós somos o corpo e que tudo que existe é matéria… E  tudo que a gente for tirar de conclusões a respeito do mundo normalmente a gente tira essas conclusões a partir dessas percepções sensoriais, só que essas percepções sensoriais elas são limitadas. Começando por a gente achar que o mundo é matéria, na verdade até a ciência já comprovou que o mundo não é matéria! Mas, como a gente percebe como matéria, conseguimos tocar, sentir as coisas… a gente acaba acreditando lá no fundo, que o mundo a matéria e que nós somos esse corpo e portanto a única coisa que é real é aquilo que a gente consegue perceber com cinco sentidos. Então aí já começa o nosso primeiro equívoco, e é normal todo mundo passa por isso. 

Auto-investigação

O que a gente precisa fazer é uma auto-investigação: começar a questionar tudo! Questionar as nossas percepções e as conclusões que a gente tira das nossas percepções, porque a nossa mente, que cria os nossos pensamentos, ela é limitada! Por que a mente é limitada? Porque a mente cria pensamentos e conclusões a partir de percepções sensoriais e o que a gente consegue tocar, ver, ouvir, sentir do mundo é limitado, então é por isso que você se sente separado e todo mundo se sente separado num primeiro momento. A gente se sente separado, mas aí quando a gente começa a fazer uma auto-investigação dirigida, que os apontamento da não-dualidade nos ensinam a fazer, a gente começa a questionar essa ideia de mundo. 

Primeiro é entender que o que você acredita que é o mundo, não é o mundo! É o que você consegue perceber do mundo com seus cinco sentidos! É por isso que esse questionamento de Quem sou eu é o questionamento central da nossa vida! Quem sou eu? Eu sou esse corpo? Eu sou esses pensamentos? Eu sou essas emoções? Quem sou eu? Eu sou esses rótulos todos que a sociedade me impôs? Mas e antes de ter esses rótulos, antes de ter esse nome, antes dos meus pais me chamarem lá de Nadia quando eu nasci, antes disso, quem sou eu? E a gente começa esse processo todo de auto-investigação. E esse processo, no começo, ele pode aparecer um pouco estranho talvez até isso que eu tô dizendo para você aqui pode parecer um pouco estranho, parar e se questionar: Como assim, quem sou eu? Por que que essa pergunta é tão importante? 

Ela é! Se perguntar quem sou eu é muito importante porque quando a gente se conhece, quando a gente se percebe, a gente começa a conhecer o mundo de verdade! Porque quando eu me conheço, eu conheço o mundo! E é isso que nos ensina a não-dualidade, então se você quer saber mais a respeito do mundo, num sentido existencial, comece a se investigar, a se auto-observar, a fazer esse processo de auto-investigação. Aí você vai começar a entender quem é você, a reconhecer quem é você e a partir daí você vai entender melhor o mundo.

E a gente pode começar esse processo de investigação trazendo a nossa presença.  Trazer a presença é fundamental, estar aqui agora, no momento presente, como um observador(a)! Então eu vou observar o que está acontecendo aqui e agora: vou observar o meu corpo, vou observar as sensações, vou observar as percepções dos cinco sentidos, vou observar se vier algum pensamento, vou observar se vier alguma emoção… E quando a gente se coloca nesse lugar do observador(a) existe algo que percebe, existe algo que percebe o corpo, existe algo que percebe os cinco sentidos, existe algo que percebe as emoções, existe algo que percebe os pensamentos…

 

Esse algo que percebe é o Eu Sou!

Eu Sou algo que percebe, Eu Sou essa testemunha que percebe, Eu Sou a Consciência! Esse é um dos primeiros ensinamentos da não-dualidade: fazer essa diferenciação entre a mente e a Consciência. Identificar que a mente é onde estão esses pensamentos, esses processos todos de pensamentos que eles podem aprisionar energia no nosso corpo vital como emoções. Observar isso e fazer essa primeira diferenciação entre mente e Consciência ajuda muito nessa percepção da Consciência do Eu Sou.

E aí a gente começa a perceber esses pensamentos e a não se identificar mais com esses pensamentos. Opa, tem esse pensamento aqui, tá vindo esse pensamento, tá vindo essa emoção, tá vindo essa sensação mas eu não sou apenas, exclusivamente, esse pensamento, eu não sou essa emoção. Eu Sou o Ser, eu sou aquilo que já existia antes de virem esses pensamentos, antes de virem essas emoções, antes desse corpo aqui ter essas percepções!

E esse reconhecimento do Eu Sou, nos traz muita paz! Esse é um lugar de paz, é um reconhecimento, e à medida que a gente vai aprofundando esse processo de auto-investigação isso vai ficando mais claro, a gente vai manifestando mais isso para o mundo: esse lugar de paz. Esse lugar de paz é voltar para dentro, para o teu centro, para o teu Ser!

E saber que a gente pode voltar a atenção para dentro, para o nosso centro, para o nosso Ser é muito bom, traz muita paz para nossa vida, muita calma. Às vezes as pessoas falam para mim: “Nossa Nadia, você parece tão calma!” Essa calma é um lugar que eu acesso quando reconheço o Eu Sou! E não existe nada de especial em mim, nada, não sou uma pessoa especial, sou uma pessoa que nem você, igualzinha, diferente, mas igual vamos dizer assim. Então eu estou te apontando aqui um caminho, que é um caminho de reconhecimento dessa paz que nós somos. 

Nós somos essa paz, nós somos o amor manifestado! E quando a gente lembra disso, e entra de novo nesse lugar, e reconhece que nós somos a paz, o amor, a alegria… esse é um lugar de muito poder! E quando eu falo poder, não é poder para manipular os outros, para controlar os outros. Mas é um poder que vem desse reconhecimento: Eu Sou isso! Esse lugar do Eu Sou, de reconhecer o Eu Sou é um lugar de lembrar que nós somos em essência todos um! É um processo experiencial! 

Talvez agora você esteja lendo as minhas palavras e ainda não tenha experienciado de forma consciente isso que eu tô falando, pode ser que em algum nível isso esteja confuso para você. Mas eu te convido a experienciar isso. Às vezes quando a gente lê ou ouve isso pela primeira vez, pode parecer um pouco estranho, pode parecer um pouco difícil, talvez a gente precise ouvir mais. Esses ensinamentos de não-dualidade eu tive que ouvir muitas vezes, muitas e muitas vezes, praticar e aprofundar a auto-investigação para realmente ter esse reconhecimento. Então eu te sugiro iniciar a sua prática de auto-investigação! 

obs.: Quando vamos fazendo mais esse exercício de auto-investigação, essa distinção inicial entre mente e Consciência vai perdendo o sentido. Mas, como esse é um post introdutório, um post de não-dualidade para iniciantes, eu sinto que é importante fazer essa distinção entre mente e Consciência. Eu sinto que vai te ajudar no início.

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